Um dos primeiros desafios enfrentados pelos ceramistas era como se queimar o maior número de peças cerâmicas dentro do forno sem permitir que se encostassem umas nas outras. Surgiu então a necessidade de colocá-las empilhadas sobre um material que pudesse suportar a temperatura da queima sem se deformar ou quebrar; surgiu então a “mobília refratária”.
A mobília pode ser feita de vários tipos de refratários, cada um com as suas características. Normalmente são refratários densos; tipo sílico aluminosos, aluminosos e de carbeto de silício. Antigamente a mobília disponível para este seguimento era maciça e de espessura grossa, consequentemente pesadas e que tinham uma grande participação do alto consumo de gás ou energia elétrica. Atualmente, com a chegada de novas tecnologias de processo de produção, aliado a matérias-primas mais nobres, os ceramistas de ateliê passaram a contar com os refratários de menores espessuras e mais leves, tanto de Cordierita quanto de Mulcorita, porém a de Mulcorita é a mais indicada devido a temperatura de trabalho (acima de 1250ºc). As principais propriedade, além de suportar temperatura, é, também, que tenha resistência à flexão sob carga, principalmente resistência ao choque térmico.
Os refratários têm vida limitada, as repetidas operações de aquecimento e resfriamento, causam um envelhecimento da mobília refratária e paredes do forno. O refratário das paredes do forno pode durar mais de uma centena de queimas, mas normalmente a mobília não dura tanto e devido às várias vezes que ela é submetida ao uso “aquece/esfria” pode levar à fadiga, desta forma devendo periodicamente ser trocada a fim de se evitar quebras durante a queima.
O consumo de energia necessária para um forno atingir a temperatura desejada é proporcional ao peso dos materiais no interior do forno, inclusive os refratários, por isso, uma queima mais eficiente é aquela com o maior volume de peças com o menor peso em refratário possível. Para isso existe uma grande variedade de peças refratárias, sendo as principais, as placas e os pinos ou
colunas. As dimensões, tanto das placas como dos pinos ou colunas variam bastante, ou seja, de acordo com a dimensão da câmara do forno existem pinos, vigas e colunas de vários formatos, tubos cilíndricos, peças com formato em L ou X e suportes, tipo tripé, para queima de canecas e pratos.
Coluna em ” L”
Viga ( tem formato quadrado )
Tripe ( geralmente usado para empilhamento de pratos )
A vida da mobília depende de cuidados operacionais, como o peso que cada um vai suportar e se está bem apoiado na placa, mas também de outros fatores mais óbvios como colocar sempre todas as colunas alinhadas, como os pilares de um edifício e em quantidade suficiente, não economize no número de suportes para queimar pratos grandes por exemplo, deixe-os para a última placa. Proteja as placas com caulim refratário ou protetor refratário a base de alumina calcinada para que o esmalte que escorrer da peça não grude na placa.
Outra dica importante é raspar e trocar periodicamente a camada de caulim ou alumina que protege as placas e virar as placas de lado (invertê-las) para que não empenem. Sobre o empenamento, não devemos usar suportes refratário de tamanhos e formatos diferentes no mesmo andar e nem calçar as placas com material inadequado.
Fique atento também ao som produzido pelas placas, placas trincadas produzem um som de “sino rachado” e placas muito usadas produzem um som “xoxo ou abafado” e em ambos os casos devem ser substituídas imediatamente.
A escolha do formato e tipo de material da placa refratária também é importante, placas furadas ou vazadas, não devem ser usadas em altas temperaturas e (ao redor de 1300°C) ou com um ciclo de queima muito lento (acima de 18h) como os fornos a lenha. Nestes casos devem ser usadas placas e colunas feitas de carbeto de silício.
Lembre-se que a mobília refratária é uma ferramenta muito importante para obtermos sucesso e deve ser cuidada como tal, o prejuízo de uma quebra durante a queima pode não compensar a economia.
Finalizando, procure sempre a orientação de um especialista ou conhecedor do tema, que deverá sugerir a melhor das opções disponíveis.