A técnica “maiólica” é um processo de decoração usado em cerâmicas de baixa temperatura, esta técnica consiste em primeiro aplicar esmalte branco sobre o biscoito e, com o auxílio de um carbono, o desenho é transferido sobre o mesmo.Com um esmalte próprio ou uma tinta, à base de corante e esmalte transparente, o artista preenche o desenho e queima a peça uma única vez. É uma técnica que exige muita perícia, pois a correção do desenho, uma vez aplicada a tinta sobre o esmalte base, é impossível. Durante a queima, a cor se funde no esmalte tornado as cores mais evidentes graças ao fundo branco.
Esse processo tem a sua origem no Iraque, no século IX, surgindo como uma tentativa de imitar a branquíssima e muito valorizada porcelana chinesa. Como não dispunham nem de matéria-prima nem de tecnologia para produzir porcelana, os artesãos opacificaram um esmalte alcalino já utilizado por eles com estanho, vindo da região da Grécia, e cobriam completamente uma argila de baixa temperatura de cor amarelada, o desenho então era transferido sobre o esmalte a parte a ser colorida era cuidadosamente removida, formando uma espécie de baixo relevo e preenchida com outros esmaltes coloridos. Na tentativa de melhor competir com as peças importadas, usavam também muitas vezes um engobe branco sob o esmalte.
A imitação das cerâmicas chinesas, no entanto, foi gradualmente substituída pela criatividade típica dos povos islâmicos, que decoravam toda a superfície branca e lisa das peças, criando uma linguagem totalmente diferente. Baseavam-se em desenhos florais estilizados, inscrições e padrões geométricos. O principal óxido usado para a decoração era o cobalto que, por sua vez, passou a ser usado pelos próprios chineses e, mais tarde, pelo Ocidente.
Com a conquista da Andaluzia (sul da Espanha) pelos árabes, a fusão das culturas ocidental e oriental trouxe enorme vitalidade e brilho à arte da cerâmica, transformando-a em modelo para toda a Europa. A Era de Ouro da cerâmica espanhola começou em meados do século XIII, em Málaga, provavelmente com artesãos procedentes do Egito. A princípio, a decoração era tipicamente islâmica, mas gradualmente foram aparecendo imagens cristãs européias.
Na Itália, ponto de partida para o desenvolvimento das artes decorativas na Europa, a cerâmica importada da Espanha era altamente valorizada e tornou-se conhecida como maiólica, provavelmente uma corruptela de Mallorca, nome de uma ilha pertencente à Espanha, que era um importante centro comercial. Na Itália renascentista, o gosto pela cerâmica espanhola, ainda com forte influência islâmica, foi declinando.
Passaram a ser apreciados os motivos mais adequados aos ideais humanistas em voga na época. Começaram a surgir os retratos, brasões de família, cenas religiosas. O enorme potencial de uso das cores sobre os esmaltes de estanho elevou a cerâmica produzida nessa altura ao nível das chamadas artes maiores.Já nesta época os esmaltes coloridos , tinham como característica, uma menor fusibilidade e densidade alta como uma terra sigilata, com um aspecto mais áspero que o fundo branco , por isso, iniciou-se a aplicação de uma camada de esmalte transparente sobre o desenho, técnica que permanece até os dias de hoje.
Em fins do século XVI, o termo faiança (faience) passou a ser usado na França, para designar a cerâmica de baixa temperatura com esmalte de estanho. Diretamente influenciada pelo estilo mais simples, que se usava desde 1550 em Faenza, na Itália, essa cerâmica destinava-se ao uso diário, sendo bastante popular e comercializada a preços acessíveis.A técnica usada na maiólica é ainda conhecida como Delftware, por ser típica da cidade de Delf, na Holanda, e English Delftware, na Inglaterra.
A esta altura não só os países do norte da África eram mestres nessa técnica, mas também Espanha, Itália, França e Portugal, este último produzindo maravilhosos azulejos que viriam a revestir a fachada de vários imóveis aqui no Brasil.
A maiólica atravessou os séculos e foi usada das mais diversas formas. Hoje é sinônimo de qualquer técnica onde um esmalte é aplicado sobre outro.
Fonte:http://www.ceramicatalavera.com.br/casa_do_oleiro-galeria.html
Fonte: Coleção Oficinas:Cerâmica – Ed. Senac Nacional; Nosso livro de cerâmica (Mão na Massa), texto Caio Giardullo; colaboração Nelson Cordeiro Lixa